10 de dezembro de 2009

Antonio Meucci x Graham Bell (por Laudo Paroni Jr)


Desde que nos conhecemos por gente, sabemos que o inventor do telefone foi o sr. Alexander Graham Bell. Entretanto, o que sempre acreditamos como sendo uma verdade absoluta, na verdade, foi um grande embuste.
Em 11 de junho de de 2002, o Congresso dos Estados Unidos da América, em sua Resolução 269, reconheceu que o telefone fora inventado pelo italiano Antonio Meucci.
Antonio Meucci inventou o telefone em 1849, e registrou seu primeiro pedido da patente (intenção de registrar uma patente), em 1871, dando início a uma série de eventos misteriosos e injustiças, que seriam até inacreditáveis, se não estivessem tão bem documentados.
Antonio Santi Giuseppe Meucci nasceu em San Frediano, perto de Florença, em 13 de abril 1808. Estudou engenharia mecânica na Academia de Finas Artes de Florença, e trabalhou no Teatro Della Pergola, bem como em vários outros teatros como técnico de palco, até 1835, quando aceitou um trabalho como projetista cênico no Teatro Tacon, em Cuba.
Fascinado pelas ciências, Meucci desenvolveu um tratamento de doenças, á base de choques elétricos, que se tornou bastante popular em Havana. Ao preparar-se para administrar o tratamento, Meucci ouviu um gemido do paciente, que estava em outro quarto, através de uma peça do fio de cobre que os conectava. Meucci compreendeu imediatamente que tinha em suas mãos algo muito importante. Com o objetivo de aperfeiçoar e comercializar seu invento, mudou-se para Nova York em 1850. Ali, além dos problemas financeiros, Meucci percebeu que não conseguiria se comunicar adequadamente em inglês. Além disso, encontrou-se cercado por refugiados políticos italianos: Giuseppe Garibaldi, quando exilado da Itália, viveu um período nos Estados Unidos, na casa de Meucci. O cientista tentou ajudar aos seus amigos italianos, criando vários projetos industriais, usando métodos de manufatura, novos ou melhorados, para diversos produtos, tais como a cerveja, as velas, os pianos e o papel. Mas ele não detinha a arte da gerência, e mesmo aquelas iniciativas que tiveram sucesso, viram seus lucros corroídos por pessoas inescrupulosas.
Entretanto, Meucci continuou a dedicar seu tempo para aperfeiçoar o telefone. Em 1855, quando sua esposa adoeceu, Meucci montou um sistema telefônico, ligando diversos quartos de sua casa com sua oficina de trabalho, em outro edifício. Foi a primeira instalação telefônica do mundo. Em 1860, quando o aparelho se tornou mais prático, Meucci organizou uma demonstração, onde a voz de um cantor foi ouvida por espectadores, a uma distância considerável. Uma descrição do aparelho foi publicada em um jornal italianos de Nova York, e a notícia, junto com um modelo da invenção foi levada à Itália, com o objetivo de conseguir sua produção naquele país; nada resultou desta viagem, nem das muitas promessas de apoio financeiro que haviam emergido da demonstração.
Os anos que se seguiram, trouxeram pobreza crescente para um amargurado e desencorajado Meucci, que, não obstante, continuou a produzir uma série de invenções novas. Sua precária situação financeira, entretanto, obrigou-o, a vender os direitos das suas invenções e, apesar disso, permanecia sem os recursos para tirar a patente final do telefone.
Após sofrer grave acidente após a explosão do navio Westfield, as coisas foram para um estado ainda mais trágico. Enquanto Meucci jazia no hospital, miraculosamente vivo após o desastre, sua esposa vendeu muitos dos seus modelos de trabalho (inclusive um protótipo do telefone), assim como outros materiais, a um negociante de objetos usados, por seis dólares. Quando Meucci tentou comprar de volta estes preciosos objetos, foi informado de que haviam sido revendidos "a um jovem desconhecido", cuja identidade permanece um mistério até hoje. Esmagado, mas não vencido, Meucci trabalhou noite e dia para reconstruir sua invenção, bem como para produzir novos desenhos e especificações, claramente apreensivo de que alguém a pudesse tentar roubar, antes que conseguisse ter sua patente. Incapaz de levantar a soma para uma patente definitiva (US$250, bastante considerável naqueles dias), ele entrou com processo no 'Embargos ou Notificação de Objetivos' (Caveat or Notice of Intent), registrado em 28 de Dezembro de 1871, e renovado em 1872 e em 1873 mas, tragicamente, não mais depois disso. Imediatamente após receber a certificação do Caveat, Meucci tentou, outra vez, demonstrar o enorme potencial do dispositivo, entregando um modelo e detalhes técnicos ao vice-presidente de uma das filiais da, recentemente estabelecida, 'Western Union Telegraph Company', pedindo permissão para demonstrar-lhes o seu "telégrafo falante", no sistema de fios da Western Union. Entretanto, todas as vezes que Meucci tentava contactar este vice-presidente, um certo Edward B. Grant lhe comunicava não ter havido tempo para arranjar o teste. Dois anos se passaram, depois dos quais Meucci exigiu a devolução dos seus equipamentos, ao que lhe responderam que "tinham sido perdidos." Isso ocorreu em 1874. Em 1876, Alexander Graham Bell requereu uma patente que não descrevia realmente o telefone, mas referia-se a ele como tal. Quando Meucci soube disto, instruiu seu advogado a entrar com protesto junto ao Escritório de Patentes dos Estados Unidos (U.S. Patent Office), em Washington, algo que nunca foi feito. Não obstante, um amigo contactou Washington, tendo sabido que todos os originais referentes ao "telégrafo falante", registrados por Meucci no Caveat or Notice of Intent, "tinham sido perdidos". Uma investigação posterior produziu evidências de relacionamentos ilegais, ligando determinados empregados do U.S. Patent Office a funcionários da Bell Company. E mais tarde, no curso do litígio entre a Bell Company e a Western Union, revelou-se que a Bell teve que concordar em pagar à Western Union, 20 por cento dos lucros obtidos na comercialização da "sua invenção", por um período de 17 anos. Isso significou milhões de dólares, mas o preço pode ter sido mais barato do que a revelação de fatos que eram melhor permanecer escondidos, do ponto de vista da Bell, é lógico. No caso levado ao Tribunal, em 1886, embora os advogados da Bell Company tentassem torcer o caso de Meucci em favor do seu cliente, Meucci foi bastante hábil em explicar cada detalhe da sua invenção, tão claramente, que restaram poucas dúvidas sobre a sua veracidade, embora não tenha ganho o caso contra as forças superiores - e muito mais ricas - no campo da Bell. Apesar de uma declaração pública da Secretaria de Estado (Secretary of State), de que "existia prova suficiente para dar a prioridade a Meucci na invenção do telefone", e apesar do fato dos Estados Unidos iniciarem uma acusação por fraude contra a patente da Bell, essa ação foi postergada, ano após ano, até a morte de Meucci, em New York-EUA, no ano de 1896, quando o caso foi encerrado. A história de Antonio Meucci é ainda muito pouco conhecida, contudo, é um dos episódios mais extraordinários da história dos EUA, se bem que um episódio em que a justiça foi pervertida. E mais, o gênio e a perseverança de um imigrante italiano - gênio, homem de negócios pobre, defensor tenaz dos seus direitos, mesmo contra todas as probabilidades e sendo moído pela pobreza - é uma história que merece e deve ser contada. Antonio Meucci está esperando para ser reconhecido como o inventor de um elemento chave da nossa cultura moderna: o TELEFONE.


A seguir, alguns links sobre o assunto:





Para finalizar, a título de curiosidade, no filme "O Poderoso Chefão III", há uma citação sobre esse fato, quando o mafioso Joe Zaza, concede uma condecoração ao chefão Michael Corleone. Essa condecoração se chama Antonio Meucci. Curioso por saber quem fora Antonio Meucci, Michael pergunta para Zaza: "Who's Meucci?", onde Zaza lhe responde que ele foi o verdadeiro inventor do telefone.

É isso.
Foto de Meucci, crédito para: www.fotonadia.art.br

3 comentários:

  1. Esse tal de Laudo Paroni Júnior, é muito bom mesmo!!!kkkkkkkk

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  2. O trabalho de Meucci foi reconhecido postumamente em 11 de junho de 2002, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou a resolução N°. 269, estabelecendo que o inventor do telefone fora, na realidade, Antonio Meucci e não Alexander Graham Bell[1].(WIKIPEDIA).
    JUSTIÇA SEJA FEITA, AINDA QUE TARDIA.

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