14 de setembro de 2011

A Horta!

A horta. Tinha lá, naquela casa enorme. Lá no fundo. Descia as escadas e pronto, o pé alcançava a terra. Tinha bananeira, mandioca, chuchu, mentruz.


Chuchu trepando no jirau, era orgulho dele. Mostrava pra mim o pendão em espiral da planta, como se fosse possível ouvir aquele ser se esforçando pra alcançar o lugar mais alto em busca do Sol.


Meu avô casou, teve filhos, teve inúmeros netos (Oi! Sou um!), plantou árvore, gravou disco e escreveu um livro. Magnífico! Quero fazer metade e já me realizarei!
Ele cuidava da horta como se fosse um solo sagrado (acho que era). Tinha a aventura noturna de caçar lesmas (blergh!) que avançavam com voracidade nas verduras de lá. Era uma ocasião emocionante (mas, lesmas?...sei lá era legal...).Foi nessa horta a festa junina. Noite mais longa e inesquecível da minha infância. A fogueira, as pessoas, a alegria e a minha jaqueta com couro de vaca nos cotovelos (lindíssima!!).
Ele se foi e pouco nos falamos de homem pra homem. Certeza que me abriria os olhos pra muitas agruras!


Compreendi muito pouco dele enquanto éramos próximos.
Talvez possa melhorar essa sensação.


Duvido.

24 de agosto de 2011

Meiga Educação!



Hoje existem teorias sem fim, de procedimentos de mãe, manuais enormes de como criar filhos, documentos comprovando a origem de monstros mal criados etc..
Não há garantias de que nossa postura na educação dos filhos, futuramente tenha um resultado positivo. Acho que o principal é mostrar aos pimpolhos o quanto é bom ser do BEM!
Bem, o motivo primeiro que me trouxe aqui foi a saudade.
Minha mãe tinha na ponta da língua, frases e respostas politicamente nada corretas e as usava em diversas situações.
Eu e minha irmã Angela, nos lembramos de algumas, veja só:

Se você, num "diálogo" não muito pacífico, dissesse: "E daí?" a resposta que desarmava: "Segura as calças pra não cair!"

Numa pergunta simples e ocasional: “O que é?” E ela logo emendava: “Merda na colher!”

Num momento reflexivo eu dizia: “Deixa eu pensar.” Lá vinha: “De pensar morreu um burro!”

No desespero: “Tô com fome!!!” Imediatamente ela ordenava: “ Vai na rua, mata um homem e come!”

Falando de um desafeto: “Ah! Coitado!” Ela filosofava: “Coitado é filho de rato, que nasce pelado!”

E aquela tentativa de não ir a escola: “Tô doente.” A constatação dela: “ Tá! Doente do cú quente!”

Aí eu voltava machucado da rua, ela olhava bem pro ferimento e já saindo dizia serenamente: “Antes de casar sara!”

O fato de ouvir as “meiguices” da minha mãe, durante muito tempo, não me tornou um gênio e nem um bandido inescrupuloso. Permitiu-me sim a encontrar o humor em situações diversas, aquelas que nos rodeiam diariamente!
Eu ria bastante!
Sejamos felizes!

Em tempo:
Tinha a pronúncia “irrepreensível” de: 5 e 15 - "cinquiquinze", prateleira - "partileira", almôndega - pupeta", técnico - "ténico".

18 de agosto de 2011

Elas!!!!!



Tenho três irmãs mais velhas e isso já é uma vantagem!
Desde que me conheço por gente tenho o privilégio de estar cercado por mulheres.
Lembro de algumas passagens da vida de caçula. Uma delas, que mais gostava, era dormir no sofá, assistindo TV e (o principal) ser levado no colo até a cama por uma das minhas irmãs. Achava isso um carinho inigualável.
A ajuda nas lições do primário eram momentos de demonstração de pura paciência das irmãs. O irmãozinho topeira tinha sérias dificuldades com matemática, fora a caligrafia de ogro, garrancho invejável! Tentaram de tudo pra melhorar minha letra, desde o caderno extra de ortografia até benzedeira. Tudo se resolveu quando passei a escrever com letra de forma, daí que já não era mais criança! (viva ao pacote Word.)
É sabido que as meninas descobrem o mundo bem mais rápido que os meninos. Eu estava lá. Testemunha do acontecido. Assisti quase tudo da arquibancada. Vi, em detalhes, quase em silêncio a evolução das meninas...se bem que quando me notavam, vinha logo uma ordem:
- Ô! Moleque! Vai na padaria pegar pão e leite!
Obs: O desprendimento era tanto, que comprar “modess” na vendinha do Seo Eugênio, era minha função! Sem ressentimentos.
Demorei a perceber minha função “castiçal”:
- Olha, sua irmã vai sair com fulano, daí que você vai junto pra se divertir um pouco...tadim... (ahã)
Foi bom, apesar dos micos.
Bem, daí resolvi usar um repelente de meninas, a “adolescência”, hiper eficaz!
Blá blá blá... e chegou a faculdade. Lá, sim, fiz uso da destreza obtida na minha criação. Fase fértil! Todos os grupos de trabalho e estudo eram de esmagadora maioria feminina. Divertido, sofrido, cansativo, embriagado! Namorei, noivei, casei assim rápido, como se lê e já faz quase 20 anos!
Se não bastasse encontrar a mulher da minha vida, ganhei a segunda com minha filha....daí é outra história.
Mulheres ensinem-me!